Hipermetropia

Hipermetropia

A hipermetropia é um erro refrativo cujo foco das imagens que se vê é formado num ponto atrás da retina, na ausência de acomodação. Na retina, a imagem que se forma é embaçada, sem nitidez, sem clareza.

A palavra hipermetropia provém da união de três termos gregos, fazendo uma alusão ao foco que se forma mais distante do que o normal, atrás da retina:

hiper-, significa “em excesso”,

-metro-, significa “medida” e

opía significa “vista”.

No olho hipermetrope, o foco dos objetos que se vê situado atrás da retina caracteriza uma imagem virtual. O olho hipermetrope para ver nítido a qualquer distância, tanto de longe como de perto, necessita estimular a acomodação. Por este motivo, geralmente, pacientes hipermetropes possuem muitos sintomas, devido ao esforço acomodativo que se faz para ver melhor.

A hipermetropia pode ser fisiológica, mas pode ter origem genética. As causas para o seu surgimento podem ser congênitas ou adquirida, e, de forma mais rara, por edema macular, tumores, descolamento de retina, nistagmos, diabetes e outras patologias oculares que causem uma redução do comprimento axial do olho.

Geralmente, a hipermetropia é de ordem refrativa, podendo ser:

Hipermetropia por Curvatura: produzida como consequência de um aumento na curvatura da córnea ou do cristalino.

Hipermetropia de Índice: produzida como consequência da diminuição do índice de refração do cristalino e do humor aquoso ou do vítreo.

Hipermetropia de câmara anterior: produzida pelo aumento da profundidade da câmara anterior provocando uma diminuição da potência refrativa do olho.

Com relação à potência dióptrica (D), a hipermetropia pode ser:

Baixa: de +0,25 a +3,00 D.

Moderada: de +3,25 a +5,00 D.

Alto: maior de +5,00 D.

É comum a presença de hipermetropia no momento do nascimento. Com um ano de idade, uma criança pode ter uma hipermetropia de até +3,00 D. Aos 8 anos, pode reduzir para um valor de +1,00 D. Aos 14 anos de idade, o olho pode se tornar emétrope (sem defeito refrativo) ou apresentar uma hipermetropia mínima de +0,50 ou +0,75 D.

Na idade adulta, a hipermetropia pode permanecer estável ou aumentar. Após os 60 anos de idade, a hipermetropia pode diminuir ligeiramente como consequência da variação no índice de refração do cristalino (cataratas).

Os sintomas de hipermetropia podem aparecer em tarefas de visão de perto e podem confundir-se com presbiopia (vista cansada).

Dentre muitos sinais clínicos, podem ser destacados:

  • Dores de cabeça: associadas ao trabalho em visão de perto. As dores de cabeça são raras pela manhã tendendo a aumentar ao longo do dia e desaparecer quando sessa o esforço visual.
  • Desvio ocular convergente: originado pelo excesso de acomodação realizado para ver bem de longe.
  • Conjuntivite ou blefarite: ocasionadas pela congestão da zona anterior do olho, ao estar submetida a um esforço acomodativo constante.
  • Diminuição da acuidade visual em visão de longe: em hipermetropias maiores de +3,00 D e em pacientes adultos pela diminuição de sua amplitude de acomodação.
  • Diminuição da acuidade visual em visão de perto: o que depende relativamente da magnitude da hipermetropia e da idade do paciente, o que costuma piorar quando a pessoa está cansada ou lê com pouca luz.
  • Ambliopia: pode ser encontrada em hipermetropias elevadas não corrigidas a tempo, em que a visão não tenha sido desenvolvida corretamente.

A correção da hipermetropia se realiza com lentes oftálmicas convexas ou positivas em óculos, ou com lentes de contato hidrofílicas.

Não é necessário corrigir a hipermetropia a não ser que exista uma causa justificada, entendendo como tal, por exemplo, uma redução da acuidade visual, um estrabismo ou sintomas justificados. A depender do caso, pode ser necessário hipocorrigir a hipermetropia em crianças pequenas, uma vez que o processo de emetropização vai reduzir sua potência, em decorrência do crescimento natural do globo ocular.

Em hipermetropias leves, às vezes faz-se necessário sua correção unicamente para tarefas em visão de perto, tendo em vista evitar um sobre-esforço acomodativo. Em outros casos, no entanto, como em ambliopia e estrabismos, por exemplo, pode ser necessária sua correção total.

Wellington Sales Silva O.D. MSc.

Miopia

Miopia

A miopia é um erro de refração caracterizado por apresentar uma potência dióptrica (D) negativa, de maneira que a imagem que vemos se forma num ponto antes do plano da retina, enquanto que na retina se forma uma imagem embaçada e difusa.

Em alusão ao fato de que os míopes costumam apertar os olhos para ver melhor de longe, a palavra miopia tem origem nos seguintes termos gregos:

my- que significa “fechar os olhos”, e

 -opia, que significa “visão”

Quando aparece na infância, a miopia costuma aumentar entre 0,50 e 1,00 D por ano, até aos 17-20 anos, aproximadamente.

A imagem retiniana em um olho míope será de maior tamanho do que a que se formaria em um olho sem defeito refrativo (emétrope). É por isso que os míopes referem ver os objetos maiores do que eles realmente são, ao tempo em que quando se corrige a miopia com óculos de grau, eles podem notar a sensação de vê-los menores.

Os principais sintomas da miopia são:

  • Dificuldade para ver de longe
  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
  • Percepção de “moscas volantes” (miodesopsias)
  • Percepção de pequenas distorções em linhas retas (metamorfopsias)
  • Diminuição da visão noturna

A miopia pode ser congênita ou adquirida.

A miopia congênita afeta cerca de 1 a 2% da população e pode ser de caráter grave com grande afecção da acuidade visual, podendo aparecer em fetopatias como a toxoplasmose e a sífilis, em condições genéticas como albinismo e a Síndrome de Down, em bebês prematuros, dentre outras causas hereditárias. Cerca de 18% dos casos de miopia são hereditários e costumam ser detectados entre os 6 e os 20 anos de idade.

A miopia adquirida pode ser causada por:

Fatores ambientais: como escolarização, moradia em zonas urbanas, muito trabalho em visão de perto, muito uso de celular ou computador, pondo em jogo a acomodação e a convergência ocular.

Patologias oculares: cujo aumento da potência dióptrica da córnea pode ser provocado por ceratocone ou pelo aumento do índice de refração do cristalino devido a catarata, por exemplo.

Patologias sistêmicas: é muito comum encontrar flutuações na refração (de 1,00 a 2,00 D) em pacientes diabéticos, relacionadas com o controle metabólico e cujo mecanismo é uma modificação do índice de refração dos meios refringentes do olho.

Intervenções cirúrgicas: por exemplo, a colocação de uma cerclagem na cirurgia clássica de descolamento de retina pode provocar miopia por alargamento da longitude axial do globo ocular.

Fármacos: como os agonistas colinérgicos (que estimulam a acomodação), antibióticos do grupo sulfa (sulfamidas) ou os psicofármacos.

A miopia pode ser:

  • Baixa: menor de 4,00 D.
  • Moderada: entre 4,25 e 8,00 D
  • Elevada: maior de 8,25 D

Do ponto de vista clínico, a miopia pode ser classificada em miopia simples ou progressiva.

Miopia simples: são as miopias baixas, inferiores a 6,00 D que não são acompanhadas de lesões a nível ocular. Tanto os componentes ópticos como o comprimento do globo ocular isoladamente se encontram dentro dos limites normais. Também se denomina como miopia desenvolvimento ou miopia fisiológica.

Miopia progressiva: são as miopias elevadas (costumam ser maiores de 6,00 D) e progressivas, acompanhadas de lesões oculares. Representam aproximadamente 10% de todas as miopias. A miopia progressiva costuma aumentar rapidamente (4,00 D por ano), e se associa com opacidades vítreas e alterações coriorretinianas.

O tratamento da miopia se dá pode meio de óculos com lentes esféricas negativas ou com adições para perto (para diminuir a demanda acomodativa) lentes de contato hidrofílicas, e por meio de terapia visual ou ortoqueratologia para controle e redução da miopia.

Ao optar por lentes de contato, é frequente que os míopes indiquem que vêm os objetos maiores do que com os seus óculos. É porque o aumento da imagem no plano da retina permite um aumento da acuidade visual, especialmente em miopias elevadas.

Wellington Sales Silva O.D. MSc.

Astigmatismo

Astigmatismo

O astigmatismo é um erro refrativo que provoca distorções nas imagens que vemos, geralmente, devido a um defeito na curvatura da córnea ou do cristalino que impede a convergência dos raios luminosos em um único foco pontual na retina. Em outras palavras, astigmatismo significa “defeito sem ponto”, isto é, uma alusão à impossibilidade de se focar as imagens em um único ponto.

O termo astigmatismo tem origem nos seguintes termos gregos:

a-, que indica negação,

-stigma-, que significa “ponto”, e

ismos, que designa o conceito.

Em muitos casos, o astigmatismo é de origem congênita e vai evoluindo com o passar da idade. Geralmente, há um padrão hereditário para a transmissão familiar, embora existam numerosas causas adquiridas para o astigmatismo.

O astigmatismo é bastante frequente ao nascimento, sendo maior de 1,00 dioptria (D) em aproximadamente 50% das crianças com um ano de idade. É comum sua potência diminuir uniformemente durante os 6 primeiros anos de vida, porém aumenta durante a idade escolar, geralmente mais de 1,00 D até os 14 anos de idade. Entre os 20 e 40 anos, o astigmatismo não costuma variar.

Em função de sua magnitude, embora não haja consenso generalizado, o astigmatismo pode ser classificado em:

  • Insignificante: até 0,75 D.
  • Baixo: entre 1,00 e 1,50 D.
  • Moderado: entre 1,75 e 2,50 D.
  • Alto: maior de 2,50 D.

Na imagem a seguir, podemos compreender em parte como é a visão de quem tem astigmatismo, de acordo com a potência dióptrica (D) e a sua posição (eixo).

Simulação da visão de quem tem astigmatismo

O astigmatismo também pode ser classificado em:

  • Astigmatismo de curvatura: quando a superfície da córnea não é esférica devido a alterações na sua topografia; ou quando há certa deformação na face anterior do cristalino proveniente de algum processo traumático ou infeccioso.
  • Astigmatismo de índice: quando a potência dióptrica varia por mudanças do índice de refração nos meios refringentes. Costuma ser irregular, afetando em geral o cristalino (em cataratas principalmente) e o vítreo, em menor escala.
  • Astigmatismo de posição: quando é produzido pela obliquidade entre as superfícies de refração (córnea e cristalino) em relação à retina. As causas mais comuns são luxações do cristalino e deformações retinianas, produzidas por lesões próximas à mácula. Pode ser gerado também pela inclinação das lentes intraoculares (LIO) após cirurgia de catarata.

Normalmente, as pessoas com astigmatismo baixo não costumam apresentar muitos sintomas, a menos que realizem tarefas ou atividades profissionais que requeiram uma visão muito precisa. Por isso, pequenos astigmatismos podem passar despercebidos, até que se realize uma avaliação optométrica.

Algumas pessoas com astigmatismo podem reportar sintomas como:

  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
  • Vertigem (tontura)
  • Náuseas (enjoos)
  • Diplopia (visão dupla)
  • Cefaleia (dores de cabeça)
  • Lacrimejamento
  • Visão embaçada, principalmente de longe
  • Embaralhamento ou sombras nas letras
  • Aperta os olhos para ler
  • Cansaço nos olhos
  • Posição compensatória de cabeça ou torcicolo

Todo astigmatismo possui um eixo óptico que indica a posição do erro refrativo. Todo astigmatismo possui tratamento, podendo ser corrigido com óculos de grau com lentes esferocilíndricas, com lentes de contato hidrofílicas tóricas ou com lentes de contato rígidas gás permeáveis.

Wellington Sales Silva O.D. MSc.

Num piscar de olhos…

Num piscar de olhos…

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Você sabia que se diz “num piscar de olhos” porque o músculo da pálpebra é o músculo mais rápido do corpo. Um piscar de olhos dura de 100 a 150 milissegundos e é possível piscar mais ou menos cinco vezes por segundo.

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