Hipermetropia

jun 23, 2022 | Problemas de Visão

A hipermetropia é um erro refrativo cujo foco das imagens que se vê é formado num ponto atrás da retina, na ausência de acomodação. Na retina, a imagem que se forma é embaçada, sem nitidez, sem clareza.

A palavra hipermetropia provém da união de três termos gregos, fazendo uma alusão ao foco que se forma mais distante do que o normal, atrás da retina:

hiper-, significa “em excesso”,

-metro-, significa “medida” e

opía significa “vista”.

No olho hipermetrope, o foco dos objetos que se vê situado atrás da retina caracteriza uma imagem virtual. O olho hipermetrope para ver nítido a qualquer distância, tanto de longe como de perto, necessita estimular a acomodação. Por este motivo, geralmente, pacientes hipermetropes possuem muitos sintomas, devido ao esforço acomodativo que se faz para ver melhor.

A hipermetropia pode ser fisiológica, mas pode ter origem genética. As causas para o seu surgimento podem ser congênitas ou adquirida, e, de forma mais rara, por edema macular, tumores, descolamento de retina, nistagmos, diabetes e outras patologias oculares que causem uma redução do comprimento axial do olho.

Geralmente, a hipermetropia é de ordem refrativa, podendo ser:

Hipermetropia por Curvatura: produzida como consequência de um aumento na curvatura da córnea ou do cristalino.

Hipermetropia de Índice: produzida como consequência da diminuição do índice de refração do cristalino e do humor aquoso ou do vítreo.

Hipermetropia de câmara anterior: produzida pelo aumento da profundidade da câmara anterior provocando uma diminuição da potência refrativa do olho.

Com relação à potência dióptrica (D), a hipermetropia pode ser:

Baixa: de +0,25 a +3,00 D.

Moderada: de +3,25 a +5,00 D.

Alto: maior de +5,00 D.

É comum a presença de hipermetropia no momento do nascimento. Com um ano de idade, uma criança pode ter uma hipermetropia de até +3,00 D. Aos 8 anos, pode reduzir para um valor de +1,00 D. Aos 14 anos de idade, o olho pode se tornar emétrope (sem defeito refrativo) ou apresentar uma hipermetropia mínima de +0,50 ou +0,75 D.

Na idade adulta, a hipermetropia pode permanecer estável ou aumentar. Após os 60 anos de idade, a hipermetropia pode diminuir ligeiramente como consequência da variação no índice de refração do cristalino (cataratas).

Os sintomas de hipermetropia podem aparecer em tarefas de visão de perto e podem confundir-se com presbiopia (vista cansada).

Dentre muitos sinais clínicos, podem ser destacados:

  • Dores de cabeça: associadas ao trabalho em visão de perto. As dores de cabeça são raras pela manhã tendendo a aumentar ao longo do dia e desaparecer quando sessa o esforço visual.
  • Desvio ocular convergente: originado pelo excesso de acomodação realizado para ver bem de longe.
  • Conjuntivite ou blefarite: ocasionadas pela congestão da zona anterior do olho, ao estar submetida a um esforço acomodativo constante.
  • Diminuição da acuidade visual em visão de longe: em hipermetropias maiores de +3,00 D e em pacientes adultos pela diminuição de sua amplitude de acomodação.
  • Diminuição da acuidade visual em visão de perto: o que depende relativamente da magnitude da hipermetropia e da idade do paciente, o que costuma piorar quando a pessoa está cansada ou lê com pouca luz.
  • Ambliopia: pode ser encontrada em hipermetropias elevadas não corrigidas a tempo, em que a visão não tenha sido desenvolvida corretamente.

A correção da hipermetropia se realiza com lentes oftálmicas convexas ou positivas em óculos, ou com lentes de contato hidrofílicas.

Não é necessário corrigir a hipermetropia a não ser que exista uma causa justificada, entendendo como tal, por exemplo, uma redução da acuidade visual, um estrabismo ou sintomas justificados. A depender do caso, pode ser necessário hipocorrigir a hipermetropia em crianças pequenas, uma vez que o processo de emetropização vai reduzir sua potência, em decorrência do crescimento natural do globo ocular.

Em hipermetropias leves, às vezes faz-se necessário sua correção unicamente para tarefas em visão de perto, tendo em vista evitar um sobre-esforço acomodativo. Em outros casos, no entanto, como em ambliopia e estrabismos, por exemplo, pode ser necessária sua correção total.

Wellington Sales Silva O.D. MSc.

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